terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Duplicação da Av. Rio Pardo (novo acesso a Via Norte / reurbanização de favela / corredor BRT)

Um dos maiores desafios de gestores municipais que trabalham com mobilidade urbana é saber planejar e prever futuras demandas de tráfego. É preciso um alto conhecimento técnico de urbanismo e engenharia de transito, isento de populismos e interesses partidários, para que tais obras possam cumprir seu real propósito e beneficiar centenas de pessoas.

Conforme já citei aqui no blog na proposta de readequação de avenidas, Ribeirão Preto ainda possui muito potencial em relação a sua malha viária, o que pode evitar problemas futuros de mobilidade urbana na cidade. Em especial a zona norte, foram apresentadas propostas que focavam na Conversão da Av. Dom Pedro I em mão únicaViaduto da Av. Zerrener com Via Norte (Centro-Bairro)Viaduto entre as ruas Goias e André Rebouças. Mas existe uma avenida na região que foi bastante subestimada nos últimos anos e que devidamente revitalizada, traria inúmeros benefícios: a avenida Rio Pardo.


Avenida Rio Pardo cruzamento com rua Bahia
Avenida Rio Pardo próximo a rua General Câmara

Avenida Rio Pardo cruzamento com avenida Dom Pedro I 

Avenida Rio Pardo no bairro Jd. Paiva
A avenida Rio Pardo é uma avenida bastante antiga na cidade, cruzando bairros como Ipiranga e Alto do Ipiranga, alem de fazer divisa com Planalto Verde e Jardim Paiva. O trecho da avenida entre a Via Norte e rua Tapajós é de pista simples, com uma faixa de rolamento para cada lado, tendo o estacionamento permitido do lado norte; o trecho entre a avenida Dom Pedro e Francisco Massaro possui características parecidas, com a diferença de permitir estacionamento em ambos os lados. Já o trecho entre a Francisco Massaro até próximo a USP possui pista dupla com duas faixas de rolamento para cada lado, alem da permissão de estacionamento.

Uma característica em especial da avenida é ser paralela ao ramal ferroviário (antes pertencente a FEPASA, atualmente FCA), que no passado cruzava grande parte da zona norte da cidade e seguia para Sertãozinho.

Teoricamente a avenida tem seu início na Via Norte e termino aos fundos da USP (Universidade de São Paulo). Teoricamente porque ela possui algumas interrupções ao longo do caminho impedindo que motoristas possam usa-la de maneira contínua, de forma a cruzar boa parte da zona norte sem precisar acessar ruas locais de diversos bairros.

Interrupção 01: a Avenida Rio Pardo segue até a rua Itapicurú, continuando
somente apos a avenida Dom Pedro I. A linha em vermelho indica o antigo
ramal ferroviário existente, hoje desativado
Interrupção 2: trechos da Rio Pardo desapareceram por conta de ocupações
irregulares na área da antiga linha férrea. A pista Dom Pedro sentido USP
atualmente é mão dupla.
Problemas na Rio Pardo

Mesmo sendo uma via importante para a região norte, existem problemas crônicos que causam muitos transtornos para os moradores que a acessam. Entre eles:

  • Interrupções na via: os trechos citados nas imagens acima mostram a dificuldade que o motorista teria para cruzar o bairro, precisando assim passar por vias paralelas até conseguir chegar a Dom Pedro I por exemplo;
  • Favela da Coca-Cola: ocupa grande parte da área da antiga ferrovia, tendo aproximadamente 3 km² e sendo uma das maiores favelas de Ribeirão;
  • Lixo, lixo e mais lixo: por ser uma região abandonada e sem nenhuma estrutura, vários pontos da avenida se transformaram em lixões a céu aberto, onde são jogados resíduos da construção civil e lixo doméstico.
Inúmeras campanhas eleitorais para prefeito prometiam a retirada dos trilhos da antiga FEPASA e até mesmo a implantação de um sistema de "metro de superfície" utilizando a estrutura existente. Mas nunca foi apresentado nada de concreto para a região.

Com isso áreas abandonadas, como o trecho próximo a fábrica de bebidas Ipiranga, começaram a ser invadidas e aos poucos se transformando em uma grande favela, que ficou conhecida infamemente como "Favela da Coca-Cola" (por sua proximidade a fábrica de refrigerantes na avenida Dom Pedro I). 

Extensão total da favela

Avenida Rio Pardo (lado sul)

Avenida Rio Pardo (lado norte)
Os problemas da avenida Rio Pardo se estenderam nos últimos anos e nunca nenhum projeto foi apresentado para resolve-los. Pelo menos até agora.

Ideia utópica de hoje

A proposta de hoje tenta ilustrar alternativas para transformar a esquecida avenida Rio Pardo em um importante corredor viário para a região. Seguem os itens abaixo:
  1. Novo acesso da Via Norte para a Rio Pardo;
  2. Duplicação total da avenida Rio Pardo;
  3. Túnel sob a avenida Dom Pedro I;
  4. Remoção da favela (projeto de reurbanização popular);
  5. Implantação de futuro corredor BRT.
As ideias apresentadas tem os seguintes objetivos:
  • Desafogar o trânsito da avenida Dom Pedro I: a duplicação da Rio Pardo atrairia os motoristas que usam a avenida Dom Pedro I apenas como passagem (moradores dos bairros José Sampaio, Planalto Verde, Parque das Andorinhas entre outros), o que traria um grande alívio de tráfego na região;
  • Estimular a construção de edifícios de alta densidade: toda a extensão da Rio Pardo é predominante de residências unifamiliares de pavimento único (térreo). Com a liberação e duplicação da avenida, novos empreendimentos imobiliários residenciais e comerciais de alta densidade podem ser autorizados, o que maximizaria o uso da avenida e mesmo do futuro BRT. Alem disso o adensamento permite que os serviços públicos próximos sejam melhor utilizados, reduzindo os gastos e custos de manutenção no médio e longo prazo;
  • Planejar futuros loteamentos na região oeste: com a duplicação da avenida, podem ser pensados novos lotes urbanizados para a região oeste da cidade;
  • Desafogar ruas paralelas: veículos que antes usavam estas ruas para poderem chegar a outras avenidas, agora poderia usar diretamente a nova Rio Pardo, aliviando ruas paralelas que foram projetadas apenas para tráfego local;
  • Realocar famílias para novas áreas adequadas: as pessoas que ocupam a favela seriam levadas para novas regiões com toda a infraestrutura necessária. Maiores detalhes a seguir.
1) Novo acesso da Via Norte para a Rio Pardo.

O acesso atual é bastante simplificado pelo fato da avenida ser de pista simples. A ideia seria a construção de um viaduto e vias de acesso para os veículos que usassem a Via Norte, evitando sua entrada na avenida Dom Pedro e trazendo mais agilidade para acessarem os bairros próximos.


O viaduto passaria sobre o córrego e terminaria em duas alças de acesso na Via Norte lado sul. Já as setas em vermelho indicam acessos de entrada e saída para os veículos que estiverem entrando ou saindo da Via Norte lado norte.

Outra informação importante: com este viaduto, os veículos que viessem da avenida Francisco Junqueira ou Centro e precisassem chegar aos bairros da região norte, poderiam seguir diretamente para a Via Norte, sem necessariamente passarem pela avenida Silveira Martins e Capitão Salomão. Assim o tráfego destas duas avenidas seria partilhado com a Via Norte, reduzindo o número de carros que antes passavam por apenas uma avenida.


2) Duplicação total da avenida Rio Pardo.

 A partir do viaduto sobre o córrego, a Rio Pardo seria devidamente duplicada seguindo a configuração abaixo:

Clique na imagem para ampliar

  • Largura aproximada: 30 metros;
  • Faixa de estacionamento lado bairro;
  • Duas faixas de rolamento em cada lado da via;
  • Pista exclusiva para ônibus;
  • Canteiro central de 4 metros de largura;
  • Ciclovia bidirecional de 3 metros de largura.
O canteiro central largo permitiria acomodar futuras estações de BRT e arborização adequada. A faixa de estacionamento seria mantida do lado bairro, mesmo quem grande quantidade dos imóveis possuam recuo frontal grande o suficiente.

A partir da Dom Pedro I, a duplicação seguiria uma nova configuração:

Clique na imagem para ampliar


  • Largura aproximada: 55 metros;
  • Faixa de estacionamento ambos os lados;
  • Duas faixas de rolamento em ambos os lados;
  • Canteiros com 9 e 4 metros de largura (aproximadamente);
  • Faixa exclusiva de ônibus e canteiro com 4 metros de largura;
  • Ciclovia bidirecional de 3 metros de largura
O canteiro da Rio Pardo neste caso teria uma largura de aproximadamente 10 metros, o que evitaria uma extração em massa das árvores nele existentes e até mesmo a criação de um pequeno parque linear junto ao corredor BRT.

3) Túnel sob a avenida Dom Pedro I

No Pacto pela Mobilidade (apresentado pelo governo municipal anterior no início do mandato 2013-2016) foram apresentados vários projetos de obras urbanas para a cidade, entre elas a de um túnel sob a avenida Dom Pedro I. Para maiores detalhes de todas as obras prometidas, confira a penúltima publicação de 2016.

Como nunca foram apresentadas projeções sobre a obra, criei uma paralela com alguns detalhes de como ela poderia ser implantada.



  • Sob a avenida passariam o corredor de ônibus e uma faixa de rolamento para o tráfego. A segunda faixa seria para acesso a Dom Pedro I;
  • O motorista que saísse do túnel logo acessaria uma via de acesso para a pista a direita da Rio Pardo, de modo a não prejudicar os veículos que saíssem da Dom Pedro I. O mesmo valeria para a via contrária da Rio Pardo, mas de forma inversa;
  • Um semáforo seria implantado nas alças de acesso sul destinada as conversões a esquerda, para veículos que fossem sentido a avenida Luis Galvão Cesar;
  • A princípio pensei em criar uma proposta apenas como um cruzamento em nível (assim como é nos cruzamentos das avenidas Presidente Vargas e João Fiúsa), mas o túnel traria muito mais agilidade para os motoristas que precisassem cruzar a região.

4) Remoção da favela (projeto de reurbanização popular)

Remover estas moradias não é apenas um trabalho de planejamento urbano, mas também um trabalho social. Deve-se pesquisar porque seus moradores decidiram ocupar o local; fatores que podem variar que vão desde a falta de políticas habitacionais adequadas ou mesmo falta de oportunidades no mercado de trabalho.

Muitas famílias acabam vindo para grandes cidades em busca de trabalho e na dificuldade de encontrar oportunidades, acabam se alojando em moradias rusticas sem nenhuma infraestrutura básica como água, energia ou rede de esgoto. Outro grande problema vivido por estas pessoas é a violência. Apesar da grande quantidade dos moradores serem apenas trabalhadores, bandidos costumam se aproveitar da alta vulnerabilidade social vivida por estas pessoas e usar a favela como ponto de esconderijo das autoridades policiais. Desta forma muitos moradores acabam ficando em meio a esta guerra.

Conjunto habitacional em São Bernardo do Campo
ao lado de uma favela
Foto via: Wikipédia
Outro equívoco na desapropriação seria o local escolhido para estes moradores. Estamos falando de bairros que muitas vezes ficam completamente isolados da cidade e sem nenhum tipo de serviço público básico como postos de saúde, escolas, creches, linhas de ônibus e cobertura policial. Independente dos moradores do bairro, é necessário este tipo de infraestrutura. Isso evitaria até outro fenômeno: o de pessoas que vendem as residencias recém adquiridas e acabam voltando para a favela onde moravam.

Na proposta, a sugestão seria realocar estas pessoas em uma área entre o Jardim Wilson Toni e Planalto Verde. Através de convênios com o governo do estado (ou mesmo reativando a COHAB de Ribeirão Preto) seria estudada a possibilidade de um novo condomínio residencial, com edifícios de até 5 pavimentos e com a vantagem de estarem próximos de infraestrutura existente. Nesta situação, a avenida Dr. Galdos Angulo seria devidamente duplicada, evitando assim um futuro gargado no transito da região.


Seriam aproximadamente 20 torres com 4 pavimentos cada uma. Com seis apartamentos por andar seriam 20 apartamentos por torre, resultando em aproximadamente 200 apartamentos ao todo no conjunto habitacional. Isso levando em conta apartamentos com média de 60 m².

Observação: a utilização do terreno seria apenas uma suposição, pois não consegui informações sobre seu proprietário ou sua disponibilidade para construções. Em caso negativo, outros vazios urbanos próximos podem ser estudados.

5) Implantação de futuro corredor BRT

Uma vez a avenida devidamente adequada, aumentariam as possibilidades do BRT Noroeste enfim sair do papel. Entre os objetivos apresentados no início, a liberação de edificações de maior densidade estaria interligada com a criação do novo modal. O sistema troncal de Curitiba foi baseado neste mesmo princípio, basta reparar na grande quantidade de prédios residenciais e comerciais paralelos as canaletas do BRT.


Projeção da Estação Ipiranga

Saiba mais: BRT de Curitiba tornou cidade “mais inovadora do mundo”

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Esta é a proposta para a revitalização e abertura da avenida Rio Pardo na região norte de Ribeirão Preto. Pode parecer algo complexo e a beira do impossível de ser realizada, mas um primeiro passo já foi dado: a ilustração de uma proposta para discussão. Leve-a entre seus amigos, familiares e cobre um posicionamento junto a prefeitura e vereadores. Nunca paremos de evoluir.

Obrigado e até a próxima postagem!


Links para pesquisa
A cidade e seus limites - As contradições do Urbano na "Califórnia Brasileira"
Cidades compactas e o difícil equilíbrio entre densidade e verticalização
A nova habitação social: Jardim Edite e outros casos de sucesso

14 comentários:

  1. Antes de falar da Comunidade na Av Rio Pardo, devem rever outras favelas que oferece risco de incêndio e risco a população.
    Prioridade na Favela do aeroporto pra virar aeroporto internacional. depois a favela do brejo, final da via norte, mangueiras etc.
    A Rio Pardo tem 99% das casas sem risco de incêndio, a comunidade esta na Paz e é assim que queremos ficar.
    Queremos a urbanização e legalização da comunidade, pagamos impostos e vamos lutar pelo nosso direito de posse.

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    1. A proposta ilustra uma alternativa para a favela: uma área próxima com espaço suficiente para uma corretar urbanização. A região invadida fica sobre os trilhos da FCA e dificilmente irão liberar urbanização nesta região. Alem disso a duplicação da Rio Pardo iria beneficiar inclusive os moradores da comunidade.

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    2. Favela é o caramba! Eu comprei o meu imóvel honestamente, por que essas pessoas não podem fazer o mesmo? Que seja pagar 150,00 por mês em uma casa de Cohab... agora chegar e invadir um local e fazer favela, negativo! Isso tem que parar! Que voltem pra onde vieram: Maranhão, Piaui, sei lá! Que cobrem do Prefeito e Governador desses lugares e não vir invadir e enfeiar Ribeirão Preto! Tem que proibir favela em Ribeirão Preto e pronto! Começou a construir favela, já vai a Guarda Municipal com um trator e derruba! Aquela favela próximo da Cidade Universitária USP, estragou o bairro! Estragou a região! Muitos assaltos nas proximidades da USP. O bairro Cidade Universitária seria top, muitos investiram ali, e do nada fizeram uma favela do lado e acabou com tudo! E ainda inventaram de legalizar a favela (que foi outra burrada!) Acho que foi o Gandini quando era Juiz ainda, que ajudou legalizar a favela! Agora vem querer ser Prefeito em Ribeirão, tomara que nunca consiga ser nem Vereador! Legalizar favela... é porque ele não mora lá perto, né..

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    3. Fácil muda para lua lá vc vai ter total privacidade e sem favelas perto e outra tbm vc deve ser um pobre quebradu vende esse sei barraco e vai morar na zona sul em.condominios problema resolvido e outra favela do sbt tá muito mais tempo ali que essa.merda de cidade universsitaria

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    4. Favela é o cacete!Invadir o que não é seu é errado! Antes de ter filhos, começar uma família, tem que pensar se tem condições! Agora chegar e Invadir o que é dos outros é fácil!

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    5. Favela só tem coisa que não presta! Tráfico, etc. Está errado sim, invadir o que é dos outros! Antes de começar uma família, ter filhos. Tem que ter condições, pra não começar a vida fudido já e colocar crianças no mundo pra sofrer!

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    6. Deixe o prefeito por em prática o que ele está pondo no papel.

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  2. Adorei sua proposta. Como posso entrar em contato com vc?

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  3. Inconcebível em pleno século 21 temos situações tão incompatíveis com a dignidade humana como o surgimento de favelas hoje chamadas de comunidades Essa em especial é resultado de demagogia política apenas em época de eleição sob a alegação de políticas governamentais de moradia popular. Quantos de nós só adquirimos nossa casa ou apartamento depois de 5 10 anos morando em casa de aluguel? Existem hoje em Ribeirão muitos imóveis para locação para as diversas faixas econômicas apenas retirar a favela do Rio Pardo também não é solução no entanto um trabalho de assistência social pode ajudar e talvez acelerar esse processo levando essas famílias para residir em locais mais apropriados com infraestrutura básica e também de saúde e educação. Com certeza o que vemos hoje é apenas o resultado dessa falta de dignidade para com as pessoas pois o tráfico de drogas é que manda ali naquela região.

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  4. Tem muito carros está parando rua ainda .eles não tá pagando área azul .Quero vcs resolve isso

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  5. Só pq mora na cidade universitária acha q é melhor que um favelado,que Deus ou o capeta te leve pro seu condomínio fechado chamado cemitério.

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  6. Quando começará as obra de duplicação da venida rio pardo ribeirão preto sp

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  7. Também gostaria de saber quando vão começar as obras para a duplicação da avenida Rio Pardo!

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