terça-feira, 27 de setembro de 2016

Mapa Cicloviário de Ribeirão Preto 2016

Atualização: 01/02/2017

Dica rápida: caso estejam lendo a proposta pela primeira vez, leiam-na com calma e devagar para que possam absorver toda a mensagem passada. Ao longo da postagem é possível conferir links externos com mais informações sobre o assunto debatido.

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Mobilidade urbana é um tema bastante amplo que a poucos anos atras sequer era lembrado pelos gestores públicos. Normalmente era referido apenas ao trânsito de veículos particulares, fato que hoje já sabemos que envolve outros personagens, como o transporte público (ônibus, trens, metrô, BRT, monotrilho etc), ciclistas e pedestres. Não desmerecendo outros modais, nesta publicação irei focar no tema mobilidade urbana voltado para os ciclistas.

Enquanto países como Dinamarca e Holanda possuem uma maciça rede cicloviária existente e fortes incentivos para o uso da bicicleta no dia a dia, aqui no Brasil o tema ainda está nos seus primeiros passos e visto por muitos como algo desnecessário e irrelevante. A verdade é que não dá mais para ignorar o tema. Cidades como São Paulo e Rio de Janeiro já sofrem com constantes congestionamentos que não se concentram apenas nos horários de pico, mas também ao longo de todo o dia e parte da noite.

Congestionamento em São Paulo
Via: Veja
Saiba mais: Trânsito nas grandes cidades: o preço do tempo perdido

Por isso é importante que sejam discutidas alternativas que vão alem do automóvel e que incentivem o uso da bicicleta como solução alternativa para deslocamentos e mobilidade urbana. A bicicleta não deve ser vista como a "solução absoluta" e os carros como "vilões da sociedade moderna"; é possível a convivência de ambos modais de forma que todos possam sair satisfeitos e com uma coisa em mente: todos precisam de deslocar pela cidade.

As bicicletas possuem diversas vantagens. Algumas podem parecer piegas, mas não deixam de serem verdades. Seguem algumas abaixo:
  • Não gastam combustível;
  • Possuem baixo custo de manutenção;
  • São práticas e podem ser trancadas e estacionadas na grande maioria dos lugares;
  • Promovem benefícios a saúde como redução de peso e redução no risco de doenças;
  • Melhoram a qualidade de vida;
  • Não poluem o ar e não emitem ruídos;
  • Podem ser usadas por pessoas de todas as idades;
  • Acessível a qualquer classe social;
  • Não exigem habilitação para sua condução.
Ciclovia em Curitiba -  PR
Foto via: Brasil Post
Mesmo sendo um assunto bastante discutido, muitas pessoas ainda possuem resistência ao uso da bicicleta em sua rotina. Entre os mais citados são:
  • Ausência de ciclovias e ciclofaixas: são estruturas importantes para os ciclistas e que muitas cidades sequer as tem ou são bastante escassas, obrigando assim o ciclista a utilizar ruas e avenidas;
  • Falta de respeito no trânsito: muitos motoristas não aceitam dividirem um espaço, antes dominado pelos carros, com os novos ciclistas. Os resultados são os constantes riscos de atropelamentos, onde alguns são até propositais e com a certeza de total impunidade por parte dos motoristas;
  • Condições das vias: não são apenas os motoristas que reclamam dos buracos e irregularidades no pavimento, os ciclistas também sofrem com o mal estado de conservação de ruas e avenidas das cidades. Fato que pode resultar em quedas com graves riscos de ferimentos ou mesmo a vida do ciclista;
  • Violência urbana: todos estão sujeitos a roubos e assaltos, e infelizmente os ciclistas também acabam se tornando alvo para bandidos. Ruas mal iluminadas e com policiamento escasso favorecem a prática de crimes;
Entre os perfis mais comuns de ciclistas estão os que usam a bicicleta para trabalho, para estudos e para lazer. Nos bairros mais afastados do Centro, é comum um número maior de ciclistas, visto que estes utilizam a bike com alternativa ao ônibus, assim como muitos adolescentes que utilizam a bicicleta para chegarem a escola. Já em se tratando de lazer, estas pessoas utilizam a bicicleta apenas nos finais de semana, muitas vezes em parques ou nas chamadas Ciclofaixas de Lazer.


Ciclovias no Brasil

Estudos apontados pelo site Mobilize em 2015, Brasilia, Rio de Janeiro e São Paulo são as capitais com maior malha cicloviária do país, tendo entre 200 e 400 km de ciclovias implantadas. A partir da 6ª colocação, as capitais mantem uma média de 50 a 70 km de ciclovias. Conforme a cidade cresce, a malha cicloviária também precisa acompanhar seu crescimento. Do contrário teremos uma estrutura bastante defasada e ineficiente.

Estruturas cicloviárias no Brasil
Foto via: Mobilize
Por hora é preciso saber as principais diferenças entre Ciclovias, Ciclofaixas e Ciclorrotas:
  • Ciclovia: via exclusiva para ciclistas construída de forma a ficar separada do tráfego motorizado por meio de barreiras físicas como muretas, alambrados, balizadores e demais estruturas;
  • Ciclofaixa: faixa exclusiva para ciclistas, apenas pintada no chão paralela a calçada e em alguns casos com sinalizadores do tipo "olho de gato";
  • Ciclorrota: rua dotada de sinalização alertando que o ciclista possui preferência na via. Normalmente são implantadas em regiões onde o fluxo de ciclistas costuma ser maior e que se torne inviável a implantação de ciclovias ou ciclofaixas.
Foto via: Ideias Green
E a Ciclofaixa de lazer?
Elas se enquadram na categoria de Ciclovias Operacionais, uma vez que possuem separação física temporária (cones de trânsito) e permanecem em funcionamento por um determinado horário e dia da semana.


Vale lembrar que mesmo nos países citados a pouco, é impossível que todas as ruas e avenidas de uma cidade possuam ciclovias ou ciclofaixas, por melhor que seja o planejamento urbano envolvido. Em determinados momentos o ciclista precisará pedalar pelas ruas e os motoristas precisarão aceita-los e respeita-los, nem que para isso as autoridades públicas precisem agir na forma de multas e demais punições cabíveis. Alem disso, não podemos resolver todos os problemas de mobilidade com ciclovias. Elas são parte do sistema de mobilidade urbana, e como tal possuem suas vantagens e desvantagens. Um bom gestor de trânsito saberá utilizar cada ferramenta de mobilidade de tal forma que todos possam sair beneficiados.

Ciclovias em São Paulo

De todas as cidades brasileiras, a capital São Paulo passou por uma mudança radical nos últimos anos, tendo um aumento bastante expressivo em sua malha cicloviária. A gestão do prefeito Fernando Haddad (2012 - 2016) entregou aproximadamente 380 km de ciclovias (isso já somadas os 87 km existentes antes), algo bastante impressionante para uma cidade que possui a maior frota de veículos do país e uma das maiores frotas do mundo. A meta da prefeitura é entregar 400 km de ciclovias até o final de 2016 e bater a marca de 1000 km até 2030.

O caso mais famoso está na ciclovia da Avenida Paulista. Muitos jamais imaginariam que uma das avenidas mais importantes do país viesse a receber tal estrutura.

Ciclovia na avenida Paulista em São Paulo
Via: CicloVivo
Grande parte das ciclovias e ciclofaixas da capital foram implantadas em canteiros centrais de avenidas, alem da remoção de vagas de estacionamento e adaptações de calçadas. Pouquíssimas resultaram na redução de número de faixas de rolamento de ruas e avenidas (ou seja, o impacto no trânsito como um todo foi baixo). O processo de implantação foi complicado e enfrentou grande resistência dos habitantes da capital. Entre os motivos apontados contra as ciclovias são seu baixo uso por ciclistas, redução do movimento no comercio ao redor e até no "aumento no número de acidentes". Este último não faz o menor sentido, sendo que uma das funções das ciclovias é justamente reduzir o numero de atropelamentos de ciclistas.


Em um caso específico, um colégio na Vila Mariana ganhou na justiça o direito de remover a ciclovia que passava em frente ao prédio escolar. Detalhe que mesmo com a sinalização dentro das normas do Código de Transito Brasileiro, o motivo alegado é "sensação de insegurança dos pais dos alunos".

Ciclovia antes e depois de ser removida.
Foto via: Vá de Bike
Muitas pessoas ainda vem as ciclovias como um fator de risco para o trânsito, quando o propósito delas é justamente o contrário. A cultura do automóvel está tão fixada na cabeça da maioria das pessoas, que muitas acreditam que uma ciclovia possa trazer mais riscos de atropelamentos do que uma avenida com intenso fluxo de veículos, com muitos deles em velocidades acima dos 60 km/h. Ou pior: que uma bicicleta possa trazer mais riscos do que um carro. Não existindo respeito as leis de trânsito, não importa qual veículo seja, o risco de acidente é o mesmo. Mudar uma cidade é bem mais fácil do que mudar uma sociedade.

Felizmente aos poucos os paulistanos estão se acostumando com as novas ciclovias. Talvez isso possa servir de incentivo para que novos ciclistas possam surgir. Em uma cidade onde a expressão "tempo é dinheiro" é levada muito a sério, um veículo como a bicicleta pode fazer muito a diferença, tanto de ser utilizada de forma integral ou de forma integrada com transporte público.

Ciclovias em Ribeirão Preto

Em Ribeirão Preto existem aproximadamente 13 km de ciclovias implantadas. Para título de comparação, a cidade de Sorocaba (que possui porte semelhante com Ribeirão) possui 76 km de ciclovias. Sem levar em conta o projeto que pretende ligar Sorocaba até a vizinha Itú, com uma ciclovia expressa de será construída junto com um projeto de duplicação da rodovia SP-79. Estamos muito atrasados em relação a malha cicloviária.

Ciclovia Via Norte em Ribeirão Preto
Foto via: Folha
Alem da baixa quantidade de ciclovias na cidade, todas estão localizadas em trechos completamente isolados, excluindo qualquer chance de integração. De todas presentes, a ciclovia Via Norte é que apresenta maior uso de frequentadores, ligando o bairro Simioni até as imediações do Centro.

Por conta do baixo número de ciclovias na cidade, os ciclistas ribeirãopretanos precisam se arriscar pelas ruas e avenidas, muitas vezes bastante hostis e perigosas para quem depende da bicicleta para trabalhar ou estudar. Posso dizer com propriedade, pois utilizo a bicicleta em boa parte de meus deslocamentos e digo com todas as palavras: o transito de Ribeirão é bastante violento para com os ciclistas. Assim, aqueles que gostam de pedalar apenas por lazer, optam por frequentarem a Ciclofaixa de Lazer de Ribeirão.

A ciclofaixa funciona apenas aos domingos, das 7:00 as 13:00, fazendo ligação entre os parque Curupira e Luis Carlos Raia. O percurso conta com agentes de trânsito e colaboradores que ajudam os usuários a cruzarem as avenidas por onde a ciclofaixa funciona.

Ciclofaixa de Lazer em Ribeirão Preto
Via: Revide
Acredito que a iniciativa da Ciclofaixa de Lazer aos domingos é válida, mas inclui-la como uma opção de mobilidade urbana para a cidade é no mínimo muita irresponsabilidade. A avenida Maurílio Biagi não é nada amigável para ciclistas durante os demais dias da semana; ciclistas que a evitam justamente por conta do sério risco de acidentes. Uma ciclovia precisa ser implantada de forma a atrair pessoas que utilizam a bicicleta para trabalho, estudos, deslocamentos diversos e até mesmo para lazer.

Ribeirão possui um Plano Cicloviário que está engavetado na Câmara Municipal desde 2007 e apenas poucas vezes chegou a ser discutido pela população. A construção de ciclovias voltou a ser debatida com o anuncio do PAC da Mobilidade em 2012, que previa a construção de 30 km de ciclovias pela cidade junto com os chamados corredores estruturais do transporte público.


De todas as propostas, a que tem se mostrado mais completa é o projeto Ciclovia Entre Rios, idealizado pela arquiteta Lívia Fornitano Roveri e pelo professor da FEA/USP André Lucirton Costa. O projeto tem por base utilizar as áreas próximas dos leitos dos principais rios da cidade para a implantação de ciclovias interligadas a várias partes da cidade.

Projeto Ciclovia Entre Rios
Foto via: Ciclovia Entre Rios
Ribeirão Preto é uma grande cidade e está crescendo sem planejamento algum. Muitos fatores ainda podem ser corrigidos a tempo, evitando grandes gastos e transtornos no futuro. Já é fato que a bicicleta consegue ser mais ágil que o carro nos horários de pico na cidade, isso sem nenhuma estrutura cicloviária existente. Se começarmos a implantar tais estruturas, iremos gerar uma demanda de ciclistas bastante reprimida nos últimos anos, e este fato pode até mesmo transformar o trânsito de Ribeirão como é hoje.

Ideia utópica de hoje

Respeito a iniciativa do Ciclovia Entre Rios, entretanto resolvi criar um mapa cicloviário e acrescenta-lo ao portfólio de projetos existente no blog, que baseado em estudo empírico, pretende criar uma malha cicloviária eficiente, atendendo os principais corredores e bairros de Ribeirão Preto. O mapa é focado em deslocamentos do tipo Casa - Trabalho e demais pontos de interesse que possam gerar grande fluxo de pessoas como escolas, universidades, shoppings entre outros.

A proposta não é definitiva, o que significa que o mapa poderá sofrer alterações sugeridas pelos usuários ou outras que eu julgar necessárias.




O mapa possui um menu com as seguintes informações:
  • Ciclovias Existentes: são todas as ciclovias que já existem em Ribeirão, representadas pela cor vermelha. Extensão total: 13 km.
  • Ciclovias a Implantar: seriam construídas nos canteiros centrais das principais avenidas da cidade, que possuam entre 3 a 4 metros de largura. São representadas pela cor verde. Extensão total prevista: 104 km.
  • Ciclofaixas a Implantar: seriam construídas junto a calçada e necessitando a eliminação de vagas para estacionamento em um dos lados da via. Também podem ser construídas junto a canteiros centrais que não possuam largura suficiente para uma ciclovia. São representadas pela cor amarela. Extensão prevista: 24 km.
  • Ciclorrotas a Implantar: seriam implantadas paralelas ou próximas de ruas ou avenidas que não comportem uma ciclovia e/ou ciclofaixa e em casos mais específicos com a avenida Nove de Julho (considerada uma via histórica e tombada pelo patrimônio público). São representadas pela cor laranja. Extensão prevista: 16 km.
  • Paraciclos e bicicletários públicos: seriam colocados em locais estratégicos, próximos a locais com grande fluxo de pessoas e edifícios de interesse. Lembrando que este já foi tema da proposta de Paraciclos e Bicicletários aqui no blog.
  • Pontos de Integração: são locais onde ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas possam ser usadas como baldeação em terminais de ônibus ou estações de integração.
  • Pontos de Interesse: são locais que possuam grande fluxo de pessoas e podem ser considerados polos geradores de tráfego como shoppings, hospitais, faculdades entre outros.
Atenção: ciclovia e ciclofaixa são duas estruturas diferentes, apensar de ambas terem o mesmo objetivo. Este friso é necessário pois ficou comum muitas pessoas e até mesmo a mídia em geral confundirem estes dois termos e chamar de ciclovia qualquer espaço usado para bicicletas.

Observações importantes:
  1. Grande parte das ciclovias e ciclofaixas foram criadas de modo a gerarem o máximo de integração possível, evitando que o ciclista passe por ruas e avenidas consideradas perigosas e trazendo mais segurança em seu deslocamento. Desta forma, é possível atravessar grande parte da cidade sem precisar sair de uma ciclovia ou ciclofaixa;
  2. Todas as ciclovias localizadas em canteiros centrais serão do tipo bidirecional (fluxo nos dois sentidos), valendo a mesma regra para as ciclofaixas. Sua largura teria entre 2,50 a 3,00 metros, o que seria adequado para um fluxo de até 1000 bicicletas/hora;
  3. Ainda sobre as ciclovias nos canteiros centrais, estas devem ser construídas de forma a evitar ao máximo a extração de árvores já existentes e em regiões que possuam grande inclinação do solo (como o caso da ciclovia da Caramuru), devem passar primeiro por um trabalho de nivelação de terreno e construção de muros de arrimo. Caso o estudo demonstre sua inviabilidade, a ciclovia passa a se tornar uma ciclofaixa junto ao canteiro central da via;
  4. Sinalização vertical e semáforos seriam instalados nas avenidas com maior fluxo de veículos e ajudariam na organização e na segurança dos ciclistas;
  5. Ciclorrotas devem ser bem sinalizadas e ter seus limites de velocidade reduzidos. Elas não eliminam vagas de estacionamento e devem possuir o mesmo sentido de direção da via;
  6. Será necessária uma grande campanha de conscientização para ciclistas e motoristas. Orientações para que as estruturas sejam bem utilizadas e seu uso seja maximizado. A fiscalização para com motoristas e ciclistas também será bastante importante;
  7. GCMs e PMs com bikes passariam a fazer o patrulhamento destas novas ciclovias a fim de reduzir o número de roubos a ciclistas. Postes com iluminação em LED também ajudam a aumentar a sensação de segurança.

Grande parte das ciclovias serão implantadas no canteiro central das avenidas, o que evitaria transtornos como remoção de vagas para estacionamento e dificuldades para um futuro sistema de BRT que possa ter um dia na cidade. No mapa existem casos específicos como a ciclovia da Francisco Junqueira e Independência. Ambas são importantes avenidas da cidade e igualmente possuem seu fluxo de ciclistas. No caso da Francisco Junqueira, o único espaço disponível seriam as calçadas que margeiam o córrego e para transforma-lo em uma ciclovia seria preciso um diálogo maior com a sociedade envolvida e melhores estudos técnicos a serem encomendados. O mesmo vale para a ciclovia da Independência.

Ciclovia em canteiro de avenida em Goiânia - GO
Foto via: RMTC / SkyscraperCity Ciclovias
Ciclofaixa junto ao canteiro de avenida em Porto Alegre
Foto via: Gaúcha
Ciclorrota em São Paulo
Via: Revista Bicicleta
Em outras situações, a implantação de ciclofaixas junto aos canteiros se torna uma solução mais prática e viável. Neste caso, é preciso também a instalação de mecanismos que reduzam a velocidade das vias como radares fixos, lombofaixas e demais dispositivos. Também não estaria descartada a redução na largura das faixas de rolamento da via em questão.

Projeções

Abaixo seguem algumas projeções de como algumas avenidas poderiam ficar caso as ciclovias e ciclofaixas fossem implantadas:

Projeção de parte da ciclovia Costa e Silva
Projeção de parte da ciclovia Maurilio Biagi / Celso Chaguri
Projeção de parte da ciclofaixa Monteiro Lobato
Projeção de parte da ciclorrota Barão do Amazonas
Trabalho de divulgação

Trata-se de algo tão importante quanto a construção da malha cicloviária em si. Sem divulgação, as ciclovias e ciclofaixas terão um número bastante reduzido de usuários. Prefeitura, Secretaria de Infraestrutura, Transerp e se necessário Secretaria de Esportes e Lazer, precisam investir massivamente na divulgação destas estruturas e suas vantagens. Entidades como a ACIRP (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto) e SINCOVARP (Sindicado do Comércio Varejista de Ribeirão Preto) também precisam estar cientes da importância da ciclovia para o comércio da cidade. Associações de Bairros também devem entrar na discussão e ajudar tanto em sugestões como na propaganda incentivando o uso das ciclovias.


O trabalho incluiria:
  • Construção de bicicletários em escolas, incentivando assim os alunos a usarem mais a bicicleta como meio de locomoção;
  • Empresas e comércios podem investir na construção de bicicletários com vestiários para seus funcionários e clientes. Uma vaga para veículo pode acomodar até 10 bicicletas. Se necessário, a prefeitura daria incentivos fiscais para a construção destas estruturas;
  • Prefeitura e demais prédios públicos podem incentivar seus servidores a irem de bicicleta e também receberiam bicicletários, Regiões do Centro seriam bastante beneficiadas devido a maior dificuldade em se encontrar vagas para estacionamento de carros;
  • Incentivo a criação de serviços de Bikes Compartilhadas, como já existentes em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre;
  • Ônibus poderiam fazer adaptações para levarem bicicletas, aumentando ainda mais a integração entre ciclista/transporte público. São suportes que podem ser colocados tanto na frente do ônibus quanto no seu interior, de forma a não trazer transtornos aos demais passageiros.
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Paraciclo em praça de Curitiba-PR
Via: site prefeitura de Curitiba

Paraciclo em terminal de ônibus em Curitiba - PR
Foto via: Tribuna PR
Ônibus com adaptação para bicicletas em Santa Cruz do Sul - RS
Foto via: Via Trólebus
Por que isso é tão importante? Em São Paulo muitos comerciantes e motoristas tem reclamado da implantação de ciclovias baseados em informações não oficiais ou em "achismos". Muitos veem as vias para ciclistas apenas como "estorvo no trânsito" ou que elas irão "prejudicar os comerciantes" ao seu redor. Toda esta falta de informação acaba gerando um ódio completamente desnecessário para com os ciclistas e que ao final não trará nenhum benefício. Diálogo é importantíssimo.

Paralelo ao Ribeirãotopia, mantenho um outro blog chamado Bike Ribeirão, onde identifico os locais que permitem ao ciclista deixarem sua bicicleta em segurança enquanto fazem compras ou demais serviços. Sinalizo se o local possui paraciclos ou bicicletários, se possui proteção contra sol e chuva, existência de seguranças ou demais sistemas de identificação e a nota final, onde avalio como Recomendado, Recomendado em Termos e Não Recomendado. Até o momento foram avaliados 73 estabelecimentos, entre comércios, parques e prédios públicos. Destes avaliações, 53 foram classificadas como Recomendado, um número bastante alto para uma cidade que possui uma malha cicloviária tão precária. Agora imagine se existissem mais ciclovias em Ribeirão Preto?

Mapa interativo com todas as ciclovias e paraciclos
particulares existentes em Ribeirão Preto
Site: Bike Ribeirão Preto
Bicicletário no Savegnago Ipiranga
Foto: acervo pessoal
Bicicletas presas em poste no Habib's da rua São José.
Falta de estrutura prejudica os clientes.
Foto via: acervo pessoal 
Quantas pessoas deixam de pedalar ou mesmo tem vontade de incluir a bicicleta em sua rotina? Muitos pais ficam receosos em deixarem seus filhos irem de bike para a escola e não é para menos. Temos uns dos trânsitos mais perigosos e violentos do Brasil. Isso precisa ser mudado. É inconcebível que mais inocentes percam a vida em nossas ruas por conta de imprudência e negligência de nossos motoristas. 

Todos precisam entender que uma ciclovia pode ser utilizada por todos. Pelo cliente de um comércio, pelo funcionário de um comércio, pelo proprietário de um comércio; pelo estudante, pelo professor, pelo diretor da escola. As ciclovias não são uma imposição, são apenas uma opção. Você pode ir para seu destino usando o carro, o transporte público ou mesmo a pé, como também pode usar a bicicleta. Se a pessoa não possui problemas de saúde, possui um horário regular de trabalho e não precisa se deslocar por uma distância muito longa... por que não optar pela bicicleta? Não precisa ser todos os dias; pode revesar com o carro ou ônibus ao longo da semana. Você estará gastando menos dinheiro com combustível, praticará uma atividade física regular e deixará o trânsito mais livre para as pessoas que tem maior necessidade de usar o carro. Pense nisso.


Ajudem a compartilha a publicação! Use suas redes sociais, discuta com seus amigos de escola, de empresa, membros de associação de bairro e questione seu vereador e prefeito. Mais do que isso: aproveitando que estamos em ano eleitoral, questione seu candidato sobre o que ele tem em mente para os ciclistas de Ribeirão Preto. É o seu dever cobrar.

Obrigado e até a próxima postagem!


Links para pesquisa
100% da frota de ônibus de Juiz de Fora/MG terá suporte externo para bicicletas
Ciclovia, ciclofaixa, ciclorrota e espaço compartilhado
Muita tinta e 2 anos depois, ciclovias passam a fazer parte da vida da cidade
Cresce aceitação da redução de velocidade e ciclovias em SP, diz Ibope
No trânsito de Ribeirão, bicicleta é mais rápida
Em Piracicaba (SP), 53% dos ciclistas usam bicicleta para trabalhar
Sobre largura mínima para ciclofaixas e ciclovias

2 comentários:

  1. Apenas uma correção: Sorocaba tem 116 km de ciclovias atualmente, segundo site da empresa responsável por gerir o trânsito na cidade.

    https://www.urbes.com.br/ciclovias

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  2. Férias do trabalho em março/2017: você acredita que vale a pena pedalar (cicloturismo) por Ribeirão Preto devido à pontos turísticos, estrutura de ciclovias e ciclofaixas? cicloabraços joaozinho - santo andré

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